Financiamento de imóveis usados no Minha Casa, Minha Vida cresce e fortalece o mercado

Mais de 155 mil imóveis prontos foram financiados em 2024, mostrando que o programa continua aquecendo o setor habitacional

O financiamento de imóveis usados dentro do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) cresceu como nunca nos últimos anos, impulsionado pela ampliação das faixas de renda, pelas mudanças nas regras e pela maior flexibilidade no uso do crédito habitacional. Só em 2024, mais de 155 mil imóveis usados foram financiados pelo programa, número quase quatro vezes superior ao registrado em 2022, quando foram contabilizados cerca de 42 mil contratos.

À primeira vista, esse aumento pode levantar dúvidas sobre o ritmo de novas construções. Porém, segundo especialistas, o movimento é um sinal saudável da maturidade do mercado, e não um alerta de crise no setor imobiliário.

Por que o crescimento de usados não preocupa?

De acordo com Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da construção do FGV Ibre, a venda de imóveis usados é parte fundamental da dinâmica de mercado. “Para que muitas famílias consigam adquirir um imóvel novo, é preciso que outras vendam seus imóveis usados. Essa troca aquece o setor e dá liquidez às negociações”, explica.

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) reforça que o financiamento de usados não prejudica o segmento de lançamentos. Em 2024, quase metade (47%) das vendas de imóveis novos foi realizada com recursos do MCMV, o que mostra que o programa continua sendo um motor para a construção civil.

As mudanças que impulsionaram esse crescimento

O aumento no financiamento de usados foi acelerado por algumas alterações estratégicas no programa nos últimos anos:

  • 2023: imóveis usados passaram a ser aceitos em todas as faixas de renda do MCMV, ampliando o público atendido.
  • 2024: o valor máximo para financiamento na faixa 3 foi reduzido de R$ 350 mil para R$ 270 mil, incentivando a busca por imóveis usados em regiões de maior valorização.
  • 2025: criação da faixa 4, permitindo o financiamento de imóveis de até R$ 500 mil para famílias com renda de até R$ 12 mil, com exigência de entradas maiores (60% a 80%, dependendo da região).

Essas mudanças tornaram o programa mais acessível e flexível, especialmente para famílias que desejam imóveis já prontos, sem esperar o prazo de uma construção.

Quem pode financiar um imóvel usado pelo MCMV?

Para que o imóvel usado seja aceito no programa, ele deve atender a requisitos técnicos e legais, como estar regularizado e em boas condições estruturais. Entre os critérios principais estão:

  • O imóvel deve ter Habite-se emitido há mais de 180 dias;
  • O comprador não pode ter outro imóvel em seu nome na mesma cidade;
  • Não ter sido beneficiado anteriormente por programas habitacionais;
  • Renda compatível com a faixa escolhida;
  • Aprovação de vistoria técnica feita por engenheiro credenciado da Caixa, que avalia a estrutura e as condições de habitabilidade.

Impactos no mercado imobiliário

Especialistas afirmam que o crescimento dos usados traz efeitos positivos:

  • Aumenta o giro do mercado, já que a venda de imóveis usados viabiliza a compra de imóveis novos;
  • Oferece mais opções de escolha, já que muitos imóveis usados têm localização privilegiada e infraestrutura pronta;
  • Mantém o equilíbrio no setor, gerando oportunidades tanto para construtoras quanto para proprietários.

Para o consumidor, essa flexibilidade significa mais chances de encontrar um imóvel adequado ao orçamento e às necessidades, especialmente em áreas onde os lançamentos ainda são limitados.

O que isso representa para quem busca comprar?

Se antes o Minha Casa, Minha Vida era fortemente associado a empreendimentos novos, hoje a possibilidade de financiar usados traz agilidade e praticidade. A compra de um imóvel pronto dispensa espera pela entrega e permite morar imediatamente.

Para quem deseja vender um imóvel usado, esse aumento na demanda também representa uma oportunidade de negócio, já que há mais compradores aptos a financiar dentro das faixas do programa.

Conclusão

O aumento do financiamento de usados no Minha Casa, Minha Vida não é sinal de alerta, mas sim um reflexo natural da evolução do mercado imobiliário. Com mudanças recentes no programa e maior flexibilidade, o setor segue aquecido, beneficiando famílias, construtoras e proprietários.

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