Número de imóveis retomados pela Caixa em 2025 despenca — menor nível desde 2022 — graças à queda da inadimplência e à ampliação de renegociações
A Caixa Econômica Federal registrou uma queda de 33,4% no número de imóveis retomados no primeiro trimestre de 2025 comparado ao mesmo período de 2024. Foram 8.762 unidades reintegradas, contra 13.166 imóveis no ano anterior.
O valor total desses imóveis soma R$ 1,15 bilhão, o que representa uma queda de 25,8% frente aos R$ 1,55 bilhão registrados no primeiro trimestre de 2024.
Mercado de trabalho mais aquecido
A taxa de desemprego alcançou patamares historicamente baixos, o que, junto com o aumento do ganho médio das famílias, tem permitido uma melhor organização financeira por parte dos credores de financiamento.
O aumento das renegociações entre a Caixa e clientes inadimplentes também aparece como causa relevante para a menor quantidade de retomadas. Essa prática ajuda a evitar que casos de inadimplência se transformem em perdas mais graves para ambas as partes.
Em 2024, o índice de atrasos superiores a 90 dias nos financiamentos da Caixa foi de 1,19%, redução de 0,43 ponto percentual em relação a 2023.
No entanto, no primeiro trimestre de 2025, esse índice subiu levemente para 1,42%, mas isso ainda não afetou expressivamente as retomadas, pois o processo geralmente se ativa em casos de atrasos mais prolongados.
A taxa Selic hoje em 15% ao ano encarece muito os novos financiamentos. Para quem já tem contrato, o impacto é menor, mas para novos tomadores de crédito, exige maiores exigências quanto à entrada e capacidade de pagamento.
Desde novembro passado, foram elevadas as exigências de entrada para financiamento: o percentual mínimo subiu de 20% para 30%. Isso restringe quem pode acessar crédito. Consequência disso: o número de contratos firmados pela Caixa no primeiro trimestre de 2025 caiu 10,4% em comparação ao mesmo período de 2024.
Embora a situação esteja favorável, especialistas alertam que uma desaceleração econômica, inflação persistente, ou queda nos rendimentos podem reverter a tendência. A manutenção da estabilidade dependerá de políticas de crédito responsáveis e renegociações contínuas.
Impactos para o mercado imobiliário
Menos imóveis retomados significam menor pressão no estoque de imóveis leiloados ou retomados, o que ajuda a manter os preços mais estabilizados.
Maior confiança para investidores, construtoras e incorporadoras, uma vez que há menor risco de perda por inadimplência severa.
Oportunidades para quem renegocia, pois bancos tendem a oferecer condições menos drásticas de recuperação quando percebem a melhora do cenário econômico.
A queda nas retomadas de imóveis pela Caixa no início de 2025 sinaliza uma melhora concreta no cenário de crédito habitacional: inadimplência controlada, maior organização financeira dos mutuários e sucesso nas renegociações. Apesar de desafios — como juros altos e exigência maior de entrada —, o setor parece entrar num ciclo de estabilidade.
Para o público da Malta, esse é um bom momento para avaliar oportunidades: quem já possui financiamento pode se sentir mais protegido de medidas drásticas, e quem busca imóvel novo deve ficar atento às condições de entrada e taxa de juros.