Uso do FGTS em consórcios imobiliários cresce 60% e atinge recorde histórico

Em cinco anos, o volume de recursos do FGTS aplicados em consórcios imobiliários saltou de R$ 170 milhões para R$ 268 milhões, consolidando a modalidade como alternativa estratégica para quem busca fugir dos juros elevados

O cenário de juros altos no mercado imobiliário brasileiro tem impulsionado uma mudança significativa no perfil de compra da casa própria. Nos últimos cinco anos, a utilização do FGTS em consórcios imobiliários disparou, registrando um aumento de 60% no período. O volume de recursos liberados saltou de R$ 170,5 milhões em 2020 para R$ 268,1 milhões em 2024, de acordo com dados do setor. Somente entre 2020 e 2024, mais de R$ 1,1 bilhão do fundo foi destinado a essa modalidade.

A principal razão para essa alta está no encarecimento dos financiamentos habitacionais, consequência direta da elevação da taxa básica de juros (Selic) nos últimos anos. Com parcelas menos atrativas nos bancos, muitos brasileiros têm visto no consórcio uma alternativa mais acessível, especialmente quando combinado com o uso do FGTS para dar lances, complementar a carta de crédito ou amortizar o saldo devedor. Até abril deste ano, já foram sacados R$ 101 milhões do fundo para consórcios, sinalizando que 2025 pode registrar um novo recorde.

Como funciona o uso do FGTS no consórcio?

O trabalhador pode utilizar o FGTS em diferentes momentos do consórcio, seja para ofertar um lance e antecipar a contemplação, complementar o valor da carta de crédito, abater parcelas em aberto ou até mesmo quitar integralmente o saldo devedor. Para isso, é necessário cumprir alguns requisitos: ter, no mínimo, três anos de trabalho sob regime do FGTS, não ser proprietário de outro imóvel residencial na mesma cidade onde deseja comprar e não ter financiamento ativo pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH).

Por que o consórcio ganhou força?

Diferente do financiamento tradicional, o consórcio não possui juros, apenas taxas administrativas e fundo de reserva, o que reduz o custo total da aquisição. Além disso, ele é uma alternativa para quem deseja planejar a compra de um imóvel a médio ou longo prazo, sem se submeter às condições atuais do mercado de crédito. “O consórcio é uma opção viável para quem não tem pressa e busca uma forma de adquirir um imóvel com custos menores. Quando aliado ao FGTS, ele se torna ainda mais competitivo”, avalia Marcelo Santos, especialista em mercado imobiliário.

Cuidados ao optar pelo consórcio

Apesar das vantagens, o consórcio exige disciplina financeira e uma análise criteriosa antes da contratação. A ausência de garantia imediata de contemplação pode frustrar quem espera uma aquisição rápida. Além disso, é fundamental verificar a reputação da administradora, as taxas cobradas, a política de lances e as condições de desistência. “O consórcio não é um produto para todos os perfis. Ele é mais indicado para quem tem um planejamento sólido e pode esperar pelo momento ideal de contemplação”, destaca Santos.

Impactos no mercado imobiliário

O aumento do uso do FGTS em consórcios também desperta atenção para os recursos do fundo, que tradicionalmente financia programas habitacionais e empréstimos para habitação popular. O redirecionamento de uma parte significativa desses valores para consórcios pode reduzir a disponibilidade para outras finalidades do setor, segundo analistas. No entanto, o movimento mostra como os brasileiros estão buscando alternativas diante de um mercado imobiliário desafiador.

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